sábado, 17 de dezembro de 2011

Kitsis e Horowitz falam sobre o show


        Os produtores Kitsis e Horowitz geraram uma polêmica com Once Upon a Time. Apesar do seriado estar criando grande audiência de dedicados fãs nos domingos à noite, o drama com tema de contos de fadas  tem sido muito discutido nos círculos de HQs por suas similaridades com a revista em quadrinhos Fables, da Vertigo. Mas com a recente declaração de apreciação da série de - ninguém menos que - o próprio criador de Fables, Bill Willigham, além do chocante final do último episódio antes da pausa, muitos telespectadores assistirão Once Upon a Time pela primeira vez nesse feriado de festas.

 
        Para discutir o conceito, a similaridade com os quadrinhos e o suspense, Spinoff Online fala com os criadores e roteiristas principais Adam Horowitz e Edward Kitsis sobre o quão longe o show já chegou e aonde vai chegar. Na primeira parte da entrevista, eles dão explicações sobre o caso de Willigham, suas pequenas surpresas ao antigo chefe Damon Lindelof - de LOST, o desafio e recompensa em escrever para grandes ícones dos contos de fadas e como Once Upon a Time será mais do que um show de apenas um mistério.

Atenção! Contém levíssimos spoilers ;)


         SPINOFF: Senhores, talvez essa seja a chance de começar nossa discussão em estilo histórico para entrevistas sobre seu show, porque acredito que possa ser a última entrevista em que vocês têm que falar sobre Fables. Em um artigo recente da CBR, o escritor daquela série da Vertigo realmente entrou nas comparações entre os quadrinhos e a série, e ele pareceu apoiá-los bastante e interessado em levar os fãs dele para Once Upon a Time. Vocês já tiveram a chance de ler a obra, e qual sua resposta sobre isso tudo?


        Adam Horowitz: Claro que tivemos, e na verdade, Bill  tinha falado conosco antes de falar com a CBR. Nós trocamos e-mail de forma bem casual, o que foi ótimo e muito agradável. Foi mesmo ótimo conhecê-lo dessa forma.



        Edward Kitsis: E você até retuitou o artigo, né?

       Horowitz: Sim, eu twittei para todos os meus seguidores para falar que lessem. Achamos a obra excelente e muito bem escrita.



       SPINOFF: Acho que quando a série saiu, a primeira pergunta que eu fiz antes de avaliar qualquer similaridade com Fables, foi sobre a premissa e o gancho do piloto. Queria saber como vocês encontrariam um jeito de sustentar os detalhes da idéia de que "eles não sabem que são personagens de contos de fadas" por uma temporada inteira. Como se sentem em relação ao desafio de não fazer com que a série tenha apenas um mistério?


       Kitsis: Acho que para nós, a coisa mais difícil, é fazer primeiro um show para o personagem e em segundo lugar a mitologia. Essa mitologia em si é: "Essa cidade é amaldiçoada, e eles não sabem quem são." Mas como pessoas, você precisa ver qual o vazio em seus corações ou em suas vidas para se importar com eles. Então no mundo encantado, Gepeto era um cara tão solitário  que esculpiu um menino da madeira. Em Storybrooke, ele não tem filho, então como substituir isso? Como ele pode lidar com isso no cotidiano? Para nós, o show era bastante sobre a jornada dos personagens e ver o que foi arrancado deles ao ir para Storybrooke - abordar o show dessa forma, em vez de fazê-lo ser o show para "quebrar a maldição."


       SPINOFF: Alguns desse personagens, como Gepeto, tem um gancho humano natural. Vocês tiveram trabalho com algum outro, em adaptar aos dias modernos porque sua história original é tão arcaica ou específica a um período de tempo?



        Horowitz: Acho que não é tanto sobre isso, mas na verdade um desafio para todos os personagens. Muitas dessas histórias são bem marcantes e conhecidas, e trazê-las a um nível de realidade onde queremos transformá-las de ícones a pessoas de carne e osso é o desafio - não importa o quanto é conhecida, ou a história do personagem em si.


        Kitsis: Por exemplo, A Rainha Má é a Rainha Má. ela poderia ser má apenas por ser. Mas queríamos mostrar o porquê de ser má e fazer com que fosse uma pessoa muito mais torturada. No fim das contas, a Rainha Má está apenas procurando por amor como o resto de nós, mas ela também encheu seu coração de vingança. Então para nós é tornar as emoções mais complicadas e meio que colocar nossa própria visão nesses personagens incônicos. Se procurarmos a fundo, por que o Zangado é zangado? Por que a Rainha Má é má? Começamos a partir desse ponto e, com sorte, a jornada à resposta se torna algo que as pessoas queiram assistir.


       SPINOFF: Existe um pouco de brincadeira na série sobre as expectativas que as pessoas tem em descobrir quem são os personagens, e muito disso vem das referências explícitas que vocês podem fazer às versões da Disney, já que ABC é parte dessa estrutura corporativa, como colocar o nome da bruxa da Bela Adormecida de Maléfica. Ao mesmo tempo, vocês parecem brincar com a conexão com LOST que vocês têm, colocando na série algumas referências explícitas e até algumas indiretas. Sei que ri bastante quando apareceu a revista Ultimate Wolverine Vs. Hulk, de Damon Lindelof.



        Kitsis: Na verdade colocamos aquela revista como uma surpresa para Damon, e queríamos que ele visse [quando o show fosse ao ar]. Mas claro, às 17:15 [horário do Pacífico] ele já havia recebido vários e-mails sobre isso.

      OBS:Nos EUA, Once Upon a Time vai ao ar às 20h nos horários da costa leste e oeste. No entanto, há uma diferença de 3 horas entre uma costa e outra. Às 17h na costa oeste, o episódio inédito está indo ao ar na costa leste, pois são 20h.


      SPINOFF: Mas como tem sido ter uma base de personagens e um mundo bem específicos. As pessoas realmente conhecem as versões dessas dois. Isso torna a história mais fácil para vocês, ou vocês querem mergulhar e reestabelecer as regras básicas?


      Kitsis: Acho que é uma mistura dos dois. O que eu e Adam realmente nos esforçamos e tentamos fazer é não apenas contar as histórias que vocês já conheciam, mas contar o que não sabiam. Por isso começamos o Piloto com o fim de Branca de Neve e então vimos o que viria a seguir. O exemplo perfeito está em como começamos com o caixão de vidro, que é a imagem mais icônica, mas depois mostramos o relacionamento entre ela e o Príncipe Encantado. Existem certas histórias como a de Cinderela ou João e Maria que têm elementos muito marcantes, e então o desafio é revelar uma parte que você não conhecia antes, ou inserir uma revelação divertida na história.


       SPINOFF: Vamos falar de Emma como personagem e a força influenciante na cidade. Quando a conhecemos, ela é desamarrada. Não tem amigos ou família, mas então exerce um grande impacto na vida daquelas pessoas quase que imediatamente. O que essa mudança traz aos habitantes de storybrooke, e como isso reflete na personagem dela?


        Kitsis: Bem, o que acontece com Emma, para nós, é que sempre dissemos que ela é uma personagem procurando por um lar, mas como ela nunca teve um, ela não saberá o que é até encontrar. E em seu âmago, é o que ela é. É alguém  que mantém grandes barreiras ao seu redor, e tem medo de ser desapontada então não deixa ninguém entrar. Mas se tem algo que amamos em Emma é que ela odeia "implicantes". Ela pode não acreditar na maldição. Ela pode não acreditar no que Henry diz. Ela pode não entender o que está acontecendo. Mas ela entende que essa é uma cidade que está sob o domínio de alguém que ela acredita ser uma "implicante", que é Regina. Então de várias formas, muitas das vezes que ela ajuda alguém é porque se identifica com seu passado. Mas muitas das vezes, ela está apenas defendendo o pequeno.




          SPINOFF: Para vocês, de alguma forma a série é parte do encanto de livros de histórias? Em outras palavras, vocês nem sempre tem a chance de escrever personagens virtuosos na TV como conseguem nesse mundo.


          Kitsis: Sim. É divertido porque, para começar, a razão de sermos atraídos a esse mundo - e a razão de termos nos divertido tanto em LOST - é porque você tem a chance de escrever personagens virtuosos e personagens malvados e personagens egoístas. Essa é a graça no show, e você meio que pode levar isso em qualquer direção.


          SPINOFF: Observando os eventos mais recentes na série, o episódio do dia 11/12/11 acabou com a morte de alguém bem importante na trama. Até esse ponto, estamos descobrindo os personagens enquanto estam parados no tempo. Vocês estavam trabalhando para chegar a essa morte, e agora que chegamos a ela vocês acham que o show  passou por um certo ápice em termos de dominós derrubados?


          Horowitz: A partir do momento em que o show foi escolhido, esse era nosso plano a respeito do que faríamos com o Caçador. E era tudo sobre estabelecer de uma vez o que estava em jogo na idéia de que se uma batalha final está para acontecer, tem que haver riscos evidentes e um custo real. Foi uma decisão consciente da nossa parte que a essa altura da temporada, em que ocorre uma pausa, a audiência deveria saber que a batalha ficará mais intensa e que há riscos reais de vida ou morte em jogo. Enquanto podemos continuar contando histórias em Storybrooke e também no mundo encantado, tudo isso se junta à idéia de perigo e realidade.


            SPINOFF: E a frase que se destaca no episódio é a Rainha falando sobre Branca de Neve quando diz: "Compartilhei um segredo com ela, e ela não conseguiu guardar... e essa traição me custou muito." Quando podemos esperar mais algumas revelações nessa parte da história em particular?


            Kitsis: Isso é meio que uma extensão de quando, no episódio dois, a rainha conversa com Maléfica sobre como ela perdeu alguém que ama. Naquele momento, a gente meio que entende que Branca de Neve tem algo a ver com isso, e fica a pergunta: "É por isso que ela a odeia tanto?" Posso dizer que essa é uma pergunta que esperamos que as pessoas façam porque é algo que esperamos responder nesse ano.


            Horowitz: E isso remete àquela pergunta: "Por que a rainha é má?" e pegar uma personagem importante e torná-la tão real quanto conseguirmos. Algo aconteceu a essa mulher e fez com que ela quisesse fazer essas coisas. Algo aconteceu para fazê-la odiar Branca de Neve, e "a mais encantada"das histórias que todos conhecíamos quando crianças é apenas a ponta do iceberg para a história que estamos contando. No episódio do Caçador, essa frase é o começo de nosso aprofundamento sobre o que realmente aconteceu no passado para criar essa situação - a qual explicaremos nessa temporada.



           Assista à Once Upon a Time durante o feriado, e confira a segunda parte da entrevista em Janeiro, quando Kitsis e Horowitz revelam seus grandes planos para o resto da primeira temporada. Once Upon a Time retorna dia 8/01/12.

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