terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jane Espenson, sobre episódio de Rumpelstiltskin


"Regina mantém todas as suas memórias."

Jane Espenson é conhecida dos fãs do gênero de ficção científica e fantasia da TV. Roteirista e produtora veterana com 20 anos na TV, ela já escreveu para alguns dos melhores, incluindo Buffy-A Caça Vampiros, Battlestar Galactica, Game of Thrones, Torchwood. Ela é também co-criadora e produtora executiva de Husbands, que você pode assistir em http://husbandstheseries.com

Em Once Upon a Time, ela escreveu os episódios que já foram ao ar, "A Still Small Voice," que explorou a história do Grilo Falante, e também escreveu o que está por vir, "Desperate Souls."

Nessa entrevista com Jane Espenson, ela fala sobre o primeiro episódio após a pausa de inverno (nos EUA). 
Todos estão ansiosos em ver seu próximo episódio, que revela mais sobre Rumpelstiltskin.

O episódio 8 se chama "Almas Desesperadas", e realmente revela mais sobre Rumpel. Muito mais. Você entenderá sua origem e o que o impulsiona. Também tem uma história divertida de Storybrooke onde vemos mais sobre como Emma se ajustará nessa estranha e maravilhosa cidadezinha.

Em "Aquela constante, pequena voz", pudemos ver um pouco de Rumpelstiltskin em sua casa. Acho que aprende-se muito sobre um personagem a partir de seus pertences e adoramos vê-lo rodeado de prateleiras e mais prateleiras de livros. Que tipo de livros estão nessas estantes?

Sim, ele tem mesmo muitos livros. Cheios de feitiços e segredos, e, eu adivinharia, cheio de nomes. Para esse homem, nomes são algo bem importante. Mais que para o Papai Noel.

Naquele mesmo episódio, os pais de Gepeto (melhor, as marionetes de madeira em que se transformaram) estão sentados na loja de penhores de Sr. Gold. Existem, por sinal, muitos itens interessantes lá. Grande parte daqueles itens são potencialmente significantes em futuras histórias? A loja de penhores é um ninho de pistas?

Bem, acho que vale a pena prestar atenção no que está lá. Algumas vezes será uma alusão a algo que você viu no episódio piloto (como os unicórnios de vidro do móbile de Emma quando bebê) e algumas vezes você verá algo importante no futuro. Nosso show tem uma maravilhosa equipe de projeto - ótima em organizar coisas como objetos místicos, quer tenhamos feito alguma indicação no script ou não. 

Há uma enquete que vi em algum site de fãs, e - interessante que - Rumpelstiltskin estava liderando de longe como personagem favorito. Ele é meu favorito também, mas eu não sei o motivo. Geralmente não gosto tanto dos "vilões", mas o Rumpel é realmente um vilão? Afinal, foi ele quem levou Henry para Storybrooke (e ajudou Branca de Neve e Príncipe a salvarem o bebê).

Temos sorte em ter dois vilões maravilhosos como a Rainha Má e Rumpel. E eu realmente adoro a forma como ambos podem justificar suas próprias ações. Regina tem uma rixa com Branca de Neve que ainda será revelada, e você aprenderá muito mais sobre a fonte da energia macabra de Rumpel. E, sim, você tocou em algo interessante. Rumpel é muito complexo. Assista não apenas ao episódio 8, mas também ao episódio 12 e depois para aprender mais sobre isso. Você terá que decidir por si só se ele é mau ou não.

Você provavelmente não me contará, mas tenho que perguntar: quanto o Sr. Gold realmente sabe sobre a maldição?

Regina mantém todas suas memórias. Sr. Gold certamente parece saber de algo, mas não diremos mais do que isso por um tempo.
Com o desdobrar do episódio "Aquela constante. pequena voz", o Grilo por fim encontrou sua verdadeira voz, talvez seu verdadeiro "eu". Isso teria acontecido se Emma não tivesse ido a Storybrooke? Essa auto-descoberta é parte do desfazer da maldição, como uma pequena peça de um elaborado quebra-cabeça caindo em seu lugar?

Se Emma não tivesse ido a Storybrooke, a cidade teria continuado em seu estado "congelado" de repetição e falta de progresso. Henry, provavelmente, tinha tentando mudar as coisas sem sucesso. A chegada de Emma está mudando as coisas, então, sim, a mudança de Archie só foi possível porque ela estava lá.

A série é um grande sucesso, a grande jogada da ABC nessa temporada. Há alguma preocupação em revelar muita coisa cedo demais a respeito dos personagens ou da história em si? Existe algum planejamento narrativo capaz de transformar a série em um romance?

Temos muitas coisas planejadas com antecedência. Gosto da forma como Eddy Kitsis e Adam Horowitz estão providenciando para que a complexidade desses personagens seja suficiente para permitir que os roteiristas possam continuar explorando cada história e descobrindo novos episódios "recheados" a partir disso.

Até o momento já conhecemos Branca de Neve, cinderela, Maléfica, Grilo Falante,  Rumpelstiltskin, Os Anões, Gepeto, Rainha Má, Chapeuzinho Vermelho... Esse é o núcleo de personagens de contos de fadas, ou existem mais no horizonte? Quem mais conheceremos do Mundo Encantado?

Existem MAIS! Bela, João e Maria, Aladim, e mais.

A premissa de que todos esses personagens habitam o mesmo universo faz sua imaginação voar com idéias sobre criar misturar intrigantes e pares? Quais personagens (que normalmente não estariam na mesma história) você gostaria de escrever (ou planeja escrever) sobre encontros tanto como amigos quanto como inimigos?

Ah, sim, você citou algo importante. AMAMOS cruzar as histórias desses personangens. Então não me surpreenderia em descobrir que a Rainha Má está envolvida em histórias como a de João e Maria, por exemplo. E recentemente descobrimos que o Grilo Falante se transformou há muito tempo, na linha do tempo do mundo encantado - ele esteve por lá todo esse tempo enquanto Gepeto envelhecia. Onde ele esteve durante esses anos? Quem ele ajudou?



Tenho que admitir que uma coisa que não me fascina é que todos os personagens do mundo encantado parecem ter saído do universo de animações da Disney. Percebi que a Disney é dona da ABC, mas qual a razão por trás dessa conexão com a Disney?

Sério? Eu amo isso! Adoro quando os personagens podem ser reconhecidos. Se estivéssemos contando uma história completamente diferente da Cinderela, e a nossa Cinderela não fizesse coisas de Cinderela, e não parecesse ou não se vestisse como Cinderela, então em um certo ponto não teria graça chamá-la de Cinderela. E eu adoro poder escrever para personagens como Gastão de A Bela e A Fera, que não faz parte da história original, mas é um grande favorito meu. Ser parte da Disney nos dá a oportunidade que ninguém mais teria - acho que isso faz com que sejamos muito sortudos. E estou muito feliz com a quantidade de acesso que temos a esses personagens... ah, e à música. Quando você ouvir nosso Zangado assobiar "heigh-ho," será... arrepiante! 


Você pode me explicar o processo criativo da série? Como se compara com trabalhar para Buffy, ou Torchwood?

Torchwood teve um processo bem diferente de qualquer outra coisa, já que funcionou como um tipo de versão híbrida do sistema britânico - menos tempo na sala, mais tempo cara-a-cara com os criadores. Once Upon a Time é mais similar a Buffy - trabalhamos em uma sala de roteiristas desenvolvendo a história, e então fazemos turnos escrevendo rascunhos completos que depois são polidos por Eddy e Adam. E, como Buffy, temos permissão de fazer o show que os caras visionaram. É um processo muito tranquilo e produtivo.

O fato de Once Upon a Time estar em uma das emissoras das "TRÊS MAIORES" (sem mencionar a Disney) tem algum impacto em qualquer fase do processo de criação, para você?

Bem, o orçamento é maior, então o show tem ótima aparência - não posso acreditar como tudo é tão bonito. E temos oito dias para filmar cada episódio, o que também ajuda a ser mais rico e completo. Mas a maior diferença é mesmo o alcance do público. É bom poder dizer o nome da série e as pessoas reconhecerem. Isso não acontecia nem com Buffy ou Battlestar Galactica tanto quanto você esperaria.

Com a filmagem de Once Upon a Time em Vancouver, sendo que você mora em LA, você tem chance de estar no set durante as filmagens de seus episódios?

Não. Eddy e Adam viajam constantemente, mas o resto de nós fica em Burbank. Tem sempre algums coisa acontecendo na sala de roteiristas, então é provavelmente melhor que estejamos todos na cidade, disponíveis para começar a desenvolver a próxima história.


É muito cedo na série, mas o que os atores trazem para o processo? Você escreve de acordo com seus pontos fortes? Qual a contribuição deles no processo de criação, especialmente com o elenco forte com que o show foi abençoado?

Nosso elenco inclui Ginny Goodwin, Jennifer Morrison, Lana Parrilla, Robert Carlyle... como escrever levando em conta pontos fortes se eles não têm pontos fracos? Podemos realmente dar qualquer coisa a eles e eles entregarão o trabalho. Tenho a impressão de que eles estão felizes em contribuir entre a escrita e a atuação. Eu sei que nós estamos!

Tenho pensado bastante ultimamente sobre a legião de fãs, mídia e seus efeitos nos programas de TV. Twitter (e com menor intensidade, Facebook) abriu uma discussão entre fãs e série. Por exemplo, Once Upon a Time tem usado o Twitter para conectar diretamente os atores com os fãs via chat no Twitter enquanto o episódio vai ao ar, o que é ótimo. Isso faz com que elenco, roteiristas, produtores sejam muito mais acessíveis aos fãs, além de proporcionar aos criadores e staff da série um feedback imediato (e sem restrições) - alguns bons e construtivos, e alguns diretos e mal-educados.Como você pensa que o Twitter mudou a natureza do relacionamento entre fãs e série? Veremos mais desse tipo de interação, ou você acha que é algo negativo?

Eu tive só interações positivas pelo Twitter com os fãs de Once. Eles parecem amar o show e estão fazendos todas as perguntas certas. Acho que tem o perigo (não com Once, mas no geral) de talvez começarmos a agradar aos telespectadores e escrever o que eles querem, em vez de criarmos uma história vinda de nossos próprios corações. Mas acho que também contribui para escrevermos algo realmente inspirado.

Ouvir todas essas coisas de uma roteirista como Jane Espenson nos faz perceber como Once Upon a Time tem uma gama de possibilidades de onde tirar suas histórias, e várias alternativas de futuro para elas. Misturar, reinventar, cruzar histórias e personagens está fazendo muito bem para o desenrolar da série, e só posso esperar que eles sejam capazes de fazer essa trama render. 
Meu desejo? Mesmo quando a maldição atual for desfeita (e que isso seja daqui a muito tempo!), não há motivo para não criarem outros tipos de problemas, trazendo cada vez mais personagens de culturas diferentes. Seria uma raridade poder ver contos do irmãos Grimm interagindo com contos de Hans Christian Andersen, por exemplo.

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